sábado, 13 de outubro de 2012

You Raised Me Up

Tenho andado muito afastada do blog, do mundo, de mim mesma; mas decidi deixar os meus pensamentos fluírem, desocuparem a minha cabeça e finalmente pude ver aquilo que estava mesmo à minha frente.

Por vezes estamos tão focados na nossa culpa que não conseguimos compreender que não temos razão nenhuma para a sentir. Porque a maior parte das vezes a culpa só vive dentro de nós porque a deixa-mos instalar-se lá, e as razões estavam fora do nosso controlo. Mas seja porque motivo for, deixamo-nos enterrar nessa culpa e recusamo-nos aceitar a realidade.


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Hoje encontrei uma composição que escrevi ao meu pai (fica aqui referenciado que sempre que falo no meu pai falo do meu avô, porque ele é, e sempre será, o meu único e verdadeiro pai), uma composição que tinha escrito no terceiro ano; e que dizia qualquer coisa como isto: "Recordações: À uns dias atrás, eu e o meu avô fomos à nossa casa, que está a ser restaurada, e encontramos a lousa que ele usou quando andava na escola. E ele deu-ma e disse-me: "Nunca a percas, é muito importante para mim e eu quero que aprendas com ela"".

E mal dou por mim tenho 8 anos de novo e estou sentada com o meu avô a resolver problemas de matemática na lousa que ele me deu, e ele inventava mais contas porque eu adorava resolvê-las sozinha. E sempre foi assim com tudo, sempre quis aprender depressa e mais; e ele estava sempre lá a corrigir-me e a ensinar-me, na sua velha lousa escolar. A passear pelo jardim e a aprender o nome das árvores, dos frutos e das flores. A dar-me os primeiros livros que li na vida, sobre como me preparar para a adolescência (tinhas sempre tudo pensado :P); livros que até hoje guardo religiosamente na minha estante já bem constituída.

E agora estou eu a chorar, ao contemplar a velha lousa ainda bem conservada, lembrando-me de tudo o que ele me ensinou. Como ele me criou para eu ser o melhor que eu posso ser, no futuro. E aquela raiva misturada com angústia, tornou-se numa pequena chama de saudade e recordação no meu peito, aquele sentimento de conforto numa memória boa.
Hoje pela primeira vez chorei de felicidade por ti pai, porque sempre pensei que não era o suficiente para ser amada por ninguém, e toda a tua vida deste-me e ensinas-te-me o que é: o amor incondicional.

Tantas vezes me senti só e incompreendida, mas tu tinhas um jeito de me entender e me confortar, que é inexplicável, não consigo pô-lo em palavras, porque tu não necessitavas delas. Não sei se alguma vez mo disseste, mas eu sei que tu me amaste desde o momento em que nasci, e por mais asneiras que eu fizesse e por mais difícil que eu fosse, tu nunca deixas-te de sentir amor por mim, e nunca nunca desistis-te de mim.

Tive a maior riqueza do mundo, e só me apercebi dela agora que não estás aqui. Mas o meu coração sente-se amado e eu sinto que estás sempre comigo e que um dia criarei memórias assim com a minha família, e tu nunca estarás longe. Tu ensinaste-me tudo, tu ensinas-te-me a viver! Deste-me as instruções, mas só agora compreendi.
Não existe amor maior que um pai por uma filha, e uma filha pelo melhor pai do mundo.
Ensinaste-me a não me esconder da vida, e eu vou viver pelos dois :)



There is no life - no life without its hunger;
Each restless heart beats so imperfectly;
But when you come and I am filled with wonder,
Sometimes, I think I glimpse eternity.

You raise me up, so I can stand on mountains;

You raise me up, to walk on stormy seas;
I am strong, when I am on your shoulders;
You raise me up: To more than I can be.

Because love never dies... Each day I love you more and more, you live inside my heart forever ♥ my true and only father, my friend, my undying love....


sábado, 6 de outubro de 2012

TOP 10 Filmes

Ver filmes é um dos meus hobbies favoritos, e por isso esta lista demorou tanto a ser compilada. Mas aqui está, espero que gostem, os meus gostos cinematográficos não são muito diversificados mas espero que gostem...


1. It´s a wonderful life (Do céu caiu uma estrela) 1946 by Frank Capra


O melhor filme que vi até hoje, não avalio pormenores técnicos ou grandes produções. Avalio a história e a moral da história. 

Um filme de natal perfeito: uma história sobre união, sacrifício e amor. Não quero estragar o filme, para quem o quiser ver, mas posso adicionar que é uma lição de vida - que mesmo quando tudo parece estar a ruir á nossa volta não devemos desistir, com esforço e dedicação tudo se consegue. É absolutamente divino.









2. Schindler´s List (A Lista de Schindler) 1993 by Steven Spielberg

 

Existem muitos filmes sobre a segunda guerra mundial, e muitos deles estão na minha lista dos mais vistos. Mas este filme é tocante, no meio dum mundo em caos onde os valores morais e a integridade do ser humano não existem . um homem (não é caso único) teve a coragem de ir contra o regime, e salvar muitas vidas.

É confortante saber que existem pessoas que são capazes de, por compaixão e humanidade, por a sua própria vida em risco para lutar naquilo em que acreditam. E olhem que não era fácil, mas isso é tema para outra conversa. Se ainda não viram aconselho vivamente.












3. Gone With The Wind (E Tudo O Vento Levou) 1939 by Victor Fleming


Um romance épico no centro da revolução humana. 

Um filme absolutamente extraordinário, sobre sobrevivência, perda e renascer das cinzas.  Mais uma lição de vida, mas de uma maneira muito diferente dos típicos romances. E por isso gosto tanto desta produção, estou desejosa de ler o livro, quando o tempo e a vontade o permitirem. 

Pinta um retrato muito cru da revolução, e das suas consequências. A luta pela liberdade, que deveria ser um direito adquirido, não fosse a ganância do ser humano. As guerras seriam um conceito inexistente, se o homem fosse livre. Ninguém ganha, e muito muito se perde.

Há sempre o amanhã, há sempre uma chance de recomeçar.... Nunca desistir é a mensagem.....
 
E amo Clark Gable e Vivien Leigh são uns dos actores que mais admiro no cinema, the golden years.... Fazem um delicioso par romântico, a linha entre o amor e o ódio é muito estreita.






4. Edward Scissorhands (Edward Mãos de Tesoura) 1990 by Tim Burton


A combinação Johnny Depp e Tim Burton é já conhecida como uma explosão de criatividade e bom cinema. Todos os filmes em que colaboram tornam-se sucessos automáticos.
Este é um dos meus filmes favoritos de sempre.

Um romance maravilhoso entre uma adolescente e um homem/máquina que tem tesouras em vez de mãos. E tão delicioso, tão inocente e um clássico para mim.

Este tem que ser visto, não dá para descrever. É divino.Esta é a minha parte favorita.






5. Rear Window (Janela Indiscreta) 1954 by Alfred Hitchcock

Para começar Alfred Hitchcock é um dos meus realizadores favoritos, é o rei do mistério. 

Este é sem dúvida o meu favorito, um fotografo temporariamente lesionado começa a espiar os seus vizinhos e desconfia que um deles cometeu homicídio. O rei do crime cria uma teia de intrigas onde já não se sabe o que é realidade ou imaginação. Tensão e mistério até ao fim. 

Adoro thrillers.... Aconselho Psycho, The Birds, Dial M for Murder, To Catch a Thief e todos os filmes dele... É absolutamente fantástico.

É de apontar a maravilhosa participação da diva Grace Kelly, a musa de Hitchcock e uma das minhas actrizes favoritas, linda, delicada e sempre perfeita, em qualquer ocasião. Já não se encontram mulheres com tanta classe como está rainha.







6.  Le Fabuleux Destin d´Amélie Poulain (O fabuloso destino de Amélie Poulain) 2001 by Jean-Pierre Jeunet



Um delicioso romance à "moda francesa". Para fugir um pouco do formato americano, é um filme muito rico, história, imagem e realização. É perfeito.

Uma menina que vive num mundo desenhado por ela. Uma simples mulher que deseja que o mundo a sua volta seja como o mundo em que ela vive na sua cabeça. Acho que tenho um fraquinho por este filme por me encontrar tanto na personagem.

Amélie decide mudar o mundo à sua maneira, com pequenos gestos carinhosos, vai criando a sua volta algo melhor. E encontra o amor, de uma maneira muito especial.

É um filme fantástico.....








7. Breakfast at Tiffany´s (Bonequinha de Luxo) 1961 by Blake Edwards


 
Audrey Hepburn é uma das estrelas que eu mais amo, mais uma vez o encanto, o olhar inocente, a classe e a simplicidade acima de tudo.

Este filme é lindo, eu sei que é um adjectivo estranho mas é assim que o vejo. Uma mulher que não sabe bem quem é, assume uma personalidade para sobreviver na alta sociedade. Mas por dentro sente-se completamente perdida - revejo-me neste filme cada vez que o vejo. 

Pode parecer um pouco triste, mas nem todos nós somos suficientemente confiantes para assumir quem somos, sermos verdadeiros connosco e com as pessoas que nos amam. E é essa a lição que ela aprende. No fim só falta a coragem para viver e ser feliz.... Esta cena explica tudo....



 



8. The Shawshank Redemption (Um Sonho de Liberdade) 1994 by Frank Darabont



 Um filme extraordinário, baseado num conto de Stephen King, um dos meus autores favoritos, o rei do terror. E por isso este filme é uma surpresa fantástica. É um autor tão versátil e criativo, é um ídolo para mim. Tem uma história de vida impressionante, aconselho a lerem.

Não há maneira de descrever este filme, têm mesmo que ver para perceberem a intensidade da história. A força de viver pode ultrapassar todos os obstáculos, e levar á liberdade. Podem interpretá-lo como quiserem. :)

É indispensável ver este filme, acreditem!








9. Niagara (Torrent de Paixão) 1953 by Henry Hathaway


Tenho uma paixão por esta mulher, Marylin Monroe uma mulher amada e idolatrada até aos dias de hoje. Uma mulher que teve uma vida difícil, mas que brilhava como nenhuma assim que as câmaras se viravam para ela. Era uma estrela e continua a ser. Não propriamente pelo talento como actriz, mas pelo carisma, a sensualidade e ao mesmo tempo o ar de ingenuidade eram uma mistura irresistível. Uma vida incrível, e de muito sofrimento também.

Escolhi este filme, mas na realidade vi todos os filmes dela e adoro-os todos e recomendo; para quem gosta de comédias românticas. 

Niagara é um romance mas é também um filme de mistério, crime e traição. Penso que este foi um dos papéis mais fortes dela, no aspecto da frieza da personagem. E o cenário é belíssimo, as cataratas do Niagara.....






10.  The Blind Side (O Sonho Possível) 2009 by John Lee Hancock

Este filme é tão emocionante, baseado numa história verdadeira. Duma mulher que foi contra todas as regras sociais para uma mulher do seu estatuto, e ajuda um rapaz a concretizar um sonho, o sonho de ser alguém.

É maravilhoso como podem existir pessoas assim, no meio de biliões de seres humanos, ainda existem aqueles que conseguem olhar para o seu semelhante e dar-lhe a mão. Não dar-lhes o peixe mas ensiná-los a pescar. Isso sim é uma história de altruísmo e compaixão que vale a pena conhecer.









Torn

Há alturas da nossa vida em que paramos no tempo, por uma razão ou outra, temos que sair da nossa cabeça e esconder-nos noutro sitio qualquer. Sabe-se lá porque! Para não pensar, para não sentir, para não levar com a realidade na cara todos os dias....
E quando voltamos o mundo dá uma volta de 180 graus. Já nada é igual, já não encaixamos nessa realidade. Já não fazemos parte de nada.
E depois o que sobra? Os sonhos.... Mas nem sempre encontramos inspiração aí...
Que fazer quando já nada faz sentido? Quando tudo o que queriamos parece já não fazer sentido neste novo mundo?
Perguntas e mais perguntas.... Só faltam as respostas....

Odeio mudanças....

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Invictus


Este blog foi para mim o começo de uma transformação, que poderia resumir-se em dois clichés: “Quando nos apercebemos do que tínhamos no momento em que o perdemos” e “Quando nos perguntamos que mais pode acontecer para nos deitar abaixo, e há mais uma surpresa na esquina”. E aí comecei a pensar outra vez, a pensar em como tapar aquele buraco no meu coração e admitir a mim mesma que tinha um problema: que me tinha perdido há muito tempo. E através da escrita e da capacidade de me expor sem receio, dando a cara e falando da vida real, da vida em geral e da minha própria vida encontrei uma pessoa completamente diferente.

Então, com a fúria da minha dor, explodi! Senti-me perdida, revoltada, confusa, reprimida e acima de tudo, senti o peso do mundo nas minhas costas. E deixei o meu coração, as minhas emoções tomarem conta das minhas mãos, e abri uma frincha do meu mundo aqui, para vocês. Porque eu sou assim, guio-me pelos meus sentimentos e vivo-os intensamente – e não seria eu, se não fosse assim.

Mas sem motivo nenhum eu parei, desliguei-me do mundo e nem disse adeus....
Eu precisava de pensar racionalmente, de pôr as minhas prioridades em dia e de organizar a minha cabeça. Durante muito tempo não pensei em nada, exactamente o que estão a ler, bloqueei todo o pensamento e sensação. Como uma caixa vazia, mas muito pesada, formatada para a vida social básica e necessária..... E depois fui obrigada a acordar, e foi um choque voltar a sentir. O medo de pensar era uma constante, mas não podia restringir-me mais. E os motores começaram a trabalhar tão depressa que eu não conseguia acompanhar as minhas ideias, e processá-las correctamente. E voltei a parar: “Porque é que estou aqui? Que quero para a minha vida?”



Finalmente percebi qual era a peça que me faltava, e que tinha estado lá, sempre: ser eu mesma e não viver “por favor” a coisa alguma, libertar-me das amarras que me sufocavam e ao mesmo tempo me mantinham num meio-sono desenfreado. Aquilo que o meu pai de coração sempre me ensinou, a ser verdadeira e não ter medo de mostrar quem sou. E de repente já não estava mais sozinha. (Não tenho nenhuma fé em particular, não gosto de me associar a coisas demasiado grandes e "problemáticas".) Mas senti-o, dentro de mim, no sangue que o meu coração pulsava, no calor que me envolvia e a sensação de segurança que me tocava – era ele ali comigo, e deu-me forças. Durante dias pensei como iria escrever de novo, se conseguiria fazê-lo de novo, se conseguiria libertar-me dos meus medos e viver. Escrevi e reescrevi este post mil vezes, ainda com receio das minhas próprias palavras. Mas todos os dias ele veio ter comigo, e no anoitecer eu falava e sentia que ele me compreendia, e me dizia para viver. Simplesmente viver.

Por vezes não é fácil libertar-nos das amarras da vida, sentimentos de raiva, desilusão, ódio; e deixa-mo-nos guiar cegamente por eles. Mas quando finalmente deixa-mos o cais um mundo novo abre-se perante nós. Não é mais fácil, não vamos ser felizes durante toda a jornada, mas com o tempo aprendemos as lições mais valiosas da vida: deixar o passado no passado e abrir novos caminhos para a felicidade. Basta sonhar....

Fica aqui um poema inspirador para mim neste momento, tal como o filme homónimo:



Invictus


Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.



William Ernest Henley
(1849–1903)